sexta-feira, 7 de outubro de 2011

empresas nao financeiras

A problemática que nos propomos abordar é um tema que, não obstante a sua importância, é frequentemente ignorado ou, pelo menos, relegado para um segundo plano na análise da situação financeira e do risco de crédito das empresas.

Cremos, todavia, que a correcta reconstituição e análise dos fluxos de tesouraria de uma empresa permite dispôr de um conjunto integrado de informações que dificilmente se torna perceptível através dos instrumentos mais utilizados pelos gestores e analistas financeiros, geralmente preocupados apenas com a apreciação da evolução e estrutura dos balanços e demonstrações de resultados ou com a análise de rácios económico-financeiros[1].

O principal motivo para este menosprezar da análise dos fluxos de tesouraria de uma sociedade prende-se, segundo cremos, com  a natureza da informação normalmente disponível em termos de Origem e Aplicação de Fundos (MOAF) de uma empresa, nos termos do Plano Oficial de Contabilidade em vigor.

De facto,  tradicionalmente a Contabilidade tem vindo a disponibilizar um conjunto de informações quanto a fluxos (e.g., o fluxo de investimento - apresentado no MOAF) como forma de complemento da informação sobre stocks (e.g., o stock de Imobilizado Corpóreo - constante do Balanço).

A razão de ser desse complemento deriva essencialmente do facto de a informação constante dos Balanços ser como que uma "fotografia" de um todo dinâmico (a actividade de exploração, investimento e financiamento de uma empresa). Desta forma, não se poderá apreciar correctamente o desenvolvimento, características e evolução dessas actividades dinâmicas através da observação de meras imobilizações no tempo dos seus efeitos. Ou seja, através da simples análise de um determinado conjunto de stocks, ainda que localizados em vários momentos (descontínuos) no tempo[2].

Um segundo motivo para esse complemento deriva do facto de a Demosntração de Resultados apreciar fluxos de cariz predominantemente económico (e.g., as amortizações ou provisões do exercício) e não numa perspectiva de referênca a um circuito de fluxos financeiros de exploração, financiamento e  investimento que poderá cabalmente explicar o comportamento dos stocks evidenciados nas várias rubricas dos balanços.

Nos pontos seguintes procuraremos tecer considerações sobre:
- em primeiro lugar,  a questão da medida e caracterização dos fluxos de tesouraria de uma  empresa não financeira;
- de seguida, sobre o problema da interpretação das várias categorias de fluxos do ponto de vista do controle de gestão e da análise do risco de crédito.


[1] Ou, quando muito, apenas interessados em medidas simples e limitadas dos fluxos financeiros, como é o caso do Cash-Flow tradicional, entendido como a soma dos Resultados líquidos com as Amortizações e Provisões do Exercício. Adiante abordaremos em pormenor este conceito.

[2] Geralmente com referência ao final de cada ano ou ,na melhor das hipóteses, do semestre.

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